Thursday, April 30, 2009

Conversa entre desconhecidas no El Corte Ingles cá do sítio

(e depois falam da falta de solidariedade feminina)

Ela, vinda não sei donde: Vais comprar isso? (a olhar para a embalagem de shampoo)
Eu: Sim.
Ela: Achas que é bom para mim?
Eu: Não sei. Mas eu gosto da marca e uso-a já há algum tempo.
Ela: Então achas que devo levar? Tu também tens cabelo encaracolado, mas não levas o azul…
Eu: Não, levo o laranja porque é aquele que se adequa ao meu cabelo que não é encaracolado e eu não quero que fique. Mas se quiseres definir caracóis o melhor é mesmo o azul.
Ela: ah e o condicionador?
Eu: O condicionador desta marca nunca experimentei. Eu uso outra mas que não se adequa a caracóis; mas se vais experimentar o shampoo, aproveita e leva o condicionador da mesma gama também.
Ela: Vale a pena, não vale?
Eu: Para mim vale e esta marca e bem mais cara noutros lados, por isso aconselho.
Ela: Obrigadinha e desculpa a maçada. Eu só estava a espera de ver alguém comprar esta marca para poder perguntar.
Eu: Nao tem de quê!

Caso haja a relocação para Bangladore, já sei que carreira seguir: assistente comercial!

Friday, April 24, 2009

Mas que dia é hoje, hã?*

Senta-te aí que é capaz de ser longo…

Em vésperas da celebração da noite que mudou o meu país, foram anunciadas as medidas para fazer face à crise: 5% de corte temporário no salário (a serem repostos no 1st Janeiro, caso a empresa esteja bem) recompensados por 5 dias de férias pagas.

Se muda a minha vida? Não. Sinceramente, nem me importaria de, de uma forma permanente, fazer o trade-off de um corte de 5% salário por mais 5 dias de férias. O que me lixa e me provoca azia no estômago é ser tratada como estúpida e sentir que estão a ser condescentes com os mais de 48 000 funcionários da empresa e, também o princípio.

No primeiro e-mail enviado, fala-se em "manter a empresa forte". Esse é o objectivo. Justificações? Situação económica ao nível da Grande Depressão, redução dos gastos em IT a nível mundial, maus resultados no primeiro trimestre do ano (atenção que estes "maus resultados" resultam de não chegarmos ao target de crescimento de 6% face ao mesmo período o ano passado. É, no entanto, de lembrar que a empresa tem vindo a crescer a 2 dígitos há muito tempo, logo esperar-se 6% numa altura de crise, é, no mínimo surreal - desde Dez que sabíamos que seria impossível atingir). O que se consegue com esta medida (segundo os pensadores da empresa): salvar cerca de 2000 postos de trabalho e reduzir cerca de 100 milhões dólares este ano.

O e-mail acaba da seguinte maneira: "I’m charged up about our future and very proud of all of you."

A seguir vem o e-mail do chefe da EMEA: "I urge you to come together and stand behind our Leaders. Our solidarity, cohesiveness and trust in each other will enable us to surmount the current economic challenges. My management team and I will stay in close touch with you and provide regular updates on the company’s response to the global environment. My call to action is this: Let us stay focused on our customers, prospects and partners. Let us support each other and work together to help our global company thrive during this downturn. I have tremendous confidence in all of you and I have no doubt we will succeed. In fact, we will do it smarter, faster and together!"

A seguir ainda veio o de RH da EMEA e depois a apresentação com o chefe local (onde, inclusivamente foi dito que a empresa não negoceia com sindicatos (como se de terroristas se tratassem) e que é do nosso melhor interesse mantermo-nos afastados deles.

24 horas depois de digerir todas estas informações o que me apraz dizer?

Primeiro, que nos metam todos no mesmo barco (parte de gestão e meros empregados). Nós estamos em barcos separados a lutar por interesses diferentes: nós pela manutenção de regalias e eles pela maximização dos lucros. O big fish andar a dizer que é responsável pelo meu futuro?!! Desde quando e onde?! Nunca, em toda a História recente (pós Revolução Industrial) houve uma empresa multinacional que acordasse em mais regalias por ser "justo". Basta ler Charles Dickens para ter uma ideia de Inglaterra em meados do sec XIX, até à luta pelas 40 horas em todos os países Europeus. Dizerem-me que uma multinacional que factura 15 biliões ao ano está essencialmente preocupada com o meu futuro é anedótico. Eu acreditar… bem, na minha opinião, mais vale acreditar que um dia o Príncipe Encantado virá… bem mais realista.

Segundo, a falta de informação concreta. Esta medida foi anunciada como um pacote de outras de forma a atingirmos os 450 milhões de redução de gastos, sendo que em Janeiro, caso a empresa esteja bem os salários são repostos e cerca de 2000 postos de trabalho serão salvos. No entanto, o objectivo para 2010 de poupança de mais 500 milhões. Aonde é que estes 500 mil extra irão aparecer? E que 2000 postos de trabalho estarão em risco? E que garantias temos nós que estes 2000 trabalhos irão ser mantidos? E o que é isto de "a empresa estar bem"? É crescer 2% enquanto a indústria cresce a 1%? É voltar a crescer a 2 dígitos? E qual é a base de cálculos dos 5%? Porque não 4 ou 6? As respostas a tudo isto é: não sabemos. Por outras palavras, estamos a dar um cheque em branco à administração. Ou seja, estou a por o meu futuro nas mãos dos comedores de Big Macs.

Depois há a informação financeira… Pois é! Apesar de tudo ainda se tem uns não-sei-quantos biliões de cash-flow. E outra vez, a sentir-me tratada como estúpida: a situação financeira da empresa está assegurada. OK que há o risco de m&a de outro parceiro, também comedor de Big Macs que tem posto a família a passar fome para ter uns biliões no banco disponíveis para gastar no mercado e que está desejoso por por as patas aqui. No entanto, parece-me que estes 100 mil não farão a diferença e performance deles é bem pior do que a nossa, overall.

Terceiro, a reacção das pessoas. A maioria está agradecida por ainda ter trabalho. Hoje, quando comentávamos esta situação (e a minha equipa somos apenas 2 Europeias, o resto é tudo local) ao que referi basicamente os pontos acima, tive a seguinte reacção: "pelo menos ainda tenho emprego. Como é que podes fazer exigências dessas?" e acabou a dizer "estamos todos no mesmo barco. Se quiseres prescindes da pensão e mantens o mesmo salário que é o que vou fazer." (isto, porque, na Irlanda deram a opção de sair do fundo de pensões, para o qual contribuímos 5%; o que num país onde o consumo é desenfreado é algo inconsciente de fazer, mas enfim). Ao que eu respondi "e hipotecas o futuro?" ao que ela respondeu "I am only 32 anyway". Vale a pena referir que a rapariga que se saiu com este tipo de repostas, tem um master (ou seja, tem educação superior) e o contrato de trabalho expirou em fevereiro, ou seja, há quase 3 meses e até agora nada foi acordado. Significa, então, que pode ser mandada embora de um dia para o outro sem qualquer tipo de antecedência já que a lei irlandesa é muito dúbia em relação a trabalhores a contracto.

Também de referir que fui a única a responder "Não!". Quando o chefe disse "Are you ok with this?". Ao que se sentiu um silêncio de pânico na sala (não no chefe que concordou comigo, mas de pessoal no meu departamento). E expliquei-lhe o porquê. Ao que lhe disse também que o cv estava no mercado. Não porque queira sair mas porque não confio em empresas. E não confio que os 2 000 postos de trabalho esteja em salvo e não acredito que estejamos no mesmo barco.

Às vezes acho que a ignorância e o não querer saber deveria ser considerado crime. Pagar multa!

* retirado do texto FMI de José Mário Branco, ver aqui

Thursday, April 23, 2009

Abençoadinho D. Nuno

por ter espetado com os espanhóis daqui para fora para que possamos dizer: 100% Português! ;-)



Até o papa (ou Papa) o reconhece.

Tuesday, April 14, 2009

Silva and Felix score shock Portuguese wins in Great Ireland Run

hoje alguém que comentou comigo blablabla Portuguese mas estava demasiadamente distraída a falar sobre a Páscoa (aqui a Santa Igreja... upa, upa)e não liguei nada. Ao que parece decorreu durante o dia de hoje uma das provas de atletismo do ano, onde o pessoal do Rectângulo fez a dobradinha (leia-se: 1º lugar nas mulheres e nos homens).

À tarde,tive possibilidade de ver a prova. Não conhecia a Ana Dulce (ou como referiu o comentador "little Portuguese girl" expressão que lhe deu direito a um praguejar meu) e sinceramente, não fiquei a conhecer porque é impossível perceber o nome da rapariga dito por um inglês.

Os tuguinhas à conquista da Ilha :-)

Monday, April 13, 2009

A Room with a view

O Domingo estava preguiçoso e sentada no chão da sala reparei que o Sol tinha deixado, por momentos, de ser tímido. Estiquei o braço para agarrar a máquina e gravar o momento. Foi o que se conseguiu quando se é demasiado preguiçosa para se tirar o rabo do chão :-)

Sunday, April 12, 2009

o que não se discute em Portugal


Esquecendo o passado (afinal, foi este o homem responsável pela negociação do empréstimo ao FMI na década de 70) é uma lufada de ar fresco esta entrevista. Ver alguém sem interesses, a não fazer concessões, a falar do "bloco central", como (e adorei estas expressões) banco alimentar e manjedouras estaduais. Daí que o problema do PSD não é um problema de ideologia mas de interesses: caso ganhe a Manuela Ferreira Leite, os tachos serão para uns, caso vá para lá os Menezes, os tachos serão para outros. E o mesmo com o PS: exemplo disso, a moção apresentada no congresso só teve um voto contra.

Problemas de Portugal: é não ter escolas que eduquem, tribunais que julguem, políticos que não sejam corruptos, burocracia aceitável (ao que acrescento: povo exigente).

Parafraseando o que diz sobre as maiorias absolutas (do qual concordo e assino por baixo): "eu hoje sou anti maioria absoluta. A maioria absoluta é uma coisa excelente para gente competente, para gente sensata, para gente humilde. Este governo não tem nenhuma característica desta, não é sensato, não é humilde."

"Isto é um país? Isto é uma brincadeira. (...) Continuamos a viver de aparências.". Dados chocantes: nesta década entram 48 milhões por dia em forma de dívida externa.

Thursday, April 09, 2009

Dói a alma ver a língua Portuguesa tao maltratada

Tuesday, April 07, 2009

Queixem-se ao Cherne

... não pode ser é em Português porque isto de falar com o Presidente tem de ser numa das línguas mais faladas e não há cá a possibilidade de todas as línguas do Espaço Europeu. Isto de "união do pluralismo" e da defesa da diferença e da singularidade de cada nação é so de vez em quando. Quando apetece...

Estas campanhas de marketing são fascinantes... só rindo. Se quiserem tellbarroso.eu

Sunday, April 05, 2009

2 "must have"

Matriz, de Teresa Salgueiro

Amália - Hoje,

regresso ao Rectângulo

O regresso a casa (ainda que por pouco tempo) é sempre de ansiedade. É capaz de ser a viagem que, por mais que conheça o destino em profundidade, tem mais planeamento.

As horas que antecedem o voo de regresso parecem que duram mais que as semanas anteriores. E tudo parece demorar mais do que o normal: é a porra da aerlingus que aterra a metro e meio da porta e para isso é preciso que venha o autocarro. É a velhota que precisa de cadeira de rodas e os assistentes parecem que p r i m e i r o q u e m e x a m o s p é s... É uma coisa... Dá vontade de pedir licença tomar as rédeas da cadeira, por a 5ª, e espetar a velha no primeiro lugar livre do autocarro. É o outro que fica a falar com a assistente de bordo. E o autocarro à espera. E uma pessoa a desesperar. É a Ground Force que demora e demora e demora.

Depois é fazer a troca no cérebro para que a primeira língua seja o Português. A saída do aeroporto ainda é passado com "olha, outro a falar Português". Parece que é uma língua estranha que não sei porquê eu compreendo
.

Começam, então, os lugares de peregrinação. Primeiro e essencial: FNAC, não sou m
uito amiga de multinacionais mas esta é a excepção que confirma a regra. E a falta de artistas Europeus na Ilha torna estas excursões ainda mais necessárias. A seguir, sem dúvida, esta:

E só de olhar dá uma sensação de pertença: podem ser os mares da mesma tonalidade de azul, pode ser a mesma areia fina, podem ser os mesmos 25 graus numa tarde de Março, mas não é este mar nem esta areia. O Gabriel o Pensador diz que "
A palavra saudade só existe em português. Mas nunca faltam nomes se o assunto é ausência". Verdade. Mas há uma forma de sentir muito própria que faça sentido que a a palavra Saudade só exista em Português. Chamem-lhe o que quiserem: Fado, Destino, seja o for..

Algo também importante de fazer: ver os noticiários... lembra-me por que saí, anula tudo acima e ajuda no regresso :-)

Michael Collins, Musical

Se gosto de musicais? Não. Se estava a pensar em voltar à Cork Opera House? Não. Única e exclusicamente porque se contam pelos dedos da mão os lugares que têm visibilidade completa do palco. Mas os bilhtes vieram -me parar às mãos e lá fui ver a musical sobre o Michael Collins. Fica um excerto:



Se valeu a pena? Muito. (principalmente quando o custo de oportunidade é zero) Os artistas muito bons, o gajo que fazia de Michael Collins é incrível. Pecou por ser muito longo. Mas fiquei curiosa em relação ao Michael Collins e ao processo de independência da Ilha em relação à outra.

Se mudou a opinião em relação a musicais? Não... eh pá... irritantezinhos ;-)

Receitas Cruzadas

Gosto de ver esta "nova" rubrica do noticiário da SIC. É isto que nos identifica como nação e como povo e que nos torna únicos. Continuo a considerar que nas 'bases' somos bem melhores que o resto da Europa e se refilo tanto é porque o país ainda (e felizmente) não me é indiferente.

Aquando da curta passagem pelo Rectângulo dei com esta reportagem que é deliciosa. Vale a pena ver o vídeo (provavelmente terão de ver a publicidade ao "Portugal é de todos", as minhas desculpas por isso, mas concentrem-se no som de Carlos Paredes :)




Em primeiro lugar, sim, esta é uma região que adoro especialmente e pensar que no futuro, a 50 km do Allgarve mais feio estará esta relíquia é algo fascinante. Em segundo lugar, o facto de uma família ter largado tudo para construir algo assim... incrível. Sim e não começaram do nada e provavelmente vêm de famílias benzocas. E daí? Outra razão para terem ficado na vida confortável na sua casa onde a criaça, inocentemente diz "até tinha piscina". Uma ideia que espero que tenha sucesso! Tem de certeza a minha recomendação, quando algum dos bifes me perguntar "onde ficar no Algarve".

O receitas cruzadas seguinte já está disponível, sigam o link

Isto é Portugal e são estas pessoas que (me) fazem falta. E sim, é sacrifício estar a 2000 km de casa e ouvir falar em migas e polvo na cataplana...

Alguém sabe onde mora o 3º Mundo?


Morremos A Rir - Rui Reininho

Normalmente este homem faz-me sempre sorrir. É daqueles que diz o que pensa, mais não seja com o único objectivo de chocar e de ser politicamente incorrecto. Lembro-me de numa entrevista dizer que gostava de mulheres tipo BE (bloco de esquerda): miúdas giras, com aspecto de intelectual e pormenorizadamente indie, sendo que, para as encontrar, costumava frequentar a FNAC às 10 da manhã.

Qualquer trabalho em que entre é, no mínimo, único. Pode-se ou não gostar, e mesmo sendo pop e de fácil escuta nunca é banal. O álbum a solo Companhia das Índias, é exemplo disso. Para além das (re)interpretações do Faz Parte do Meu Show, original de Cazuza e Bem Bom, das Doce tem este Morremos a Rir que é sem dúvida a minha preferida. Sinceramente, põe a cru a sociedade portuguesa (ou mundial?) com ironia de singular leveza.

"À partida, num quarto escuro sem roupa dorme a miss Velha Europa.
Acorda na Grande Migalha da China, sonhava ter descoberto a América ao sair da tropa, a escrava africana soprava as velas à pequenina Venham mais mouras e celtas vândalos poetas, marquises de alumínio romenas, ciganas mas mais indianas florbelas, cancelas abertas sem condomínio. Fomos viajar sem sair do lugar, vamos encalhar se o motor não pegar, vamos lá subir sem tentar decair, fomos naufragar e morremos a rir, morremos a rir.
Alguém sabe onde é o Quinto Império? Alguém sabe onde mora o terceiro mundo? Venham mais mouras e celtas vândalos poetas, marquises de alumínio romenas, ciganas mas mais indianas, florbelas, cancelas abertas sem condomínio.
Fomos viajar sem sair do lugar, vamos encalhar se o motor não pegar, vamos lá subir sem tentar decair, fomos naufragar e morremos a rir, vamos adorar o TGV chegar, vamos aterrar sem sair do hangar
Fomos todos parir se o esperma permitir
, morremos a rir"

E para acabar em beleza:



Dr. Optimista

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