Thursday, January 29, 2009

A roleta Russa

A empresa anunciou no início do ano o despedimento de cerca 2500 pessoas (pelo mundo fora, a ver se dói menos). Segundo parece, foi a solução encontrada pelo Almighty Joe (assim apelidado pois, de vez em quando aparece-me, sem ser convidado, no monitor do computador , a explicar-me que somos os melhores e que temos os melhores... é tipo ir à missa: de vez em quando há que rezar um 'pai nosso' para actualização da lavagem cerebral) para que o preço da acção aumentasse cerca de 0.28 dólares.

Pedem "lealdade" à empresa, dedicação, primar pela excelência, (ou, como disse um pacóvio seguidor do Joe, para pertencer a esta empresa não podem ser "igual a" mas "melhores que"... outra também engraçada "colocar perfeição nas tarefas mais simples do dia-a-dia) mas à primeira dificuldade, bye-bye: já não somos os melhores... Se estes despedimentos têm alguma coisa a ver com performance? Nada... apenas foram recrutados no departamento errado. Puramente roleta russa. Os ávidos comedores de Big Macs lá do outro lado do Atlântico, decidem que organizações têm de suprir números (ou se quiserem, pessoas, que nesta frase tem o mesmo significado); essas organizações mais não fazem do que ver quais são os mais fáceis de despachar (e aqui é tal e qual como stocks: last in, first out) e as funções (não as pessoas que isto não se personaliza) são tornadas redundantes... E o que eu detesto esta palavra neste contexto.

O salvamento da própria pele a tona de água todo o egoísmo e o salve-se quem puder do ser humano. Olha-se com desconfiança para tudo e para todos e, de repente todas as regalias que a empresa oferece passam a ser secundárias desde que 'safe o emprego, sem levantar muita onda'.

E depois deste impacto e de sabermos que não fazermos parte dos 2500 (apesar de não haver aumentos nem bónus) a vidinha continua: os kick-off ou kick-out ou Go To Market, enfim 'brain wash', trazem aqui ao fim-do-mundo todos os almighty da empresa que circulam entre hoteis 5* e salas de meetings em limusines (sem ironia: mesmo de limusine) e vão-nos dizendo que pela primeira vez se atingiu a meta dos 4 biliões num só trimestre (mas mesmo assim terão de se despedir 2500 pessoas porque não se sabe a dimensão da crise), que é o sexto ano consecutivo a crescer a dois dígitos (mas mesmo assim terão de se despedir 2500 pessoas porque não se sabe a dimensão da crise), nunca se teve tanto dinheiro em bancos - piadinha à António Sala: "até pensámos em comprar as Islândia", riso generalizado na sala - tanto que o objectivo é ganhar quota de mercado (já que só temos 35%), as margens são secundarizadas (mas mesmo assim terão de se despedir 2500 pessoas porque não se sabe a dimensão da crise), pela primeira vez um país (sozinho) teve turnover de mais de 1 bil... já agora: UK (mas mesmo assim terão de se despedir 2500 pessoas porque não se sabe a dimensão da crise)...

Cereja no topo do bolo: "vocês estão na melhor companhia, no momento certo... na minha conversa pessoal com o (almighty) Joe (eu adoro quando eles fazem passar a ideia de que somos todos uma família... ah e como é obvio o 'almighty' é meu) a prioridade da empresa é reter talento"... H coisas fantásticas, não é? Eu olho para os lados e só via cavalinhos "Four legs good, Two legs bad" a abanar a cabeça em sinal de afirmação e um porco enorme a por-se em bicos dos pés "Four legs good, Two legs bad"
"... Inacreditável... estava à espera que alguém gritasse "yes, we can" mas tal não aconteceu.

Hoje, o chefe (um porreiro, nada político... coisa rara hoje em dia) achou que eu estava mais calada do que é normal... A resposta foi um sintético "o tempo não ajuda se pudesse fazia como os ursos e acordava só em Abril"... o que não é mentira (mesmo nada mentira). No entanto, se abrisse a boca e falasse com o coração diria, no meio de sentimetnos contraditórios que as empresas são uma cambada de gananciosos, com bonitas páginas e artigos de revista de "social responsibility" com "ui, contruímos uma escolinha para os pobrezinhos de Africa", quando no fundo apenas analisam cifrões e números.

Há um aproveitamento desta crise que me enoja e que me faz querer sair deste mundo das multinacionais o mais rápido possível pois é um mundo a que não pertenço.

Wednesday, January 07, 2009

A ONU anda a dar abrigo a terroristas

Dai que Israel tenha de bombardear...

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