Hoje acordei assim

Olha que novidade?!...

Invejem-se

Adoro o Homem

"Isto anda tudo ligado"

Ia imiscuir-me de dar opinião sobre 11-02 porque já não tenho paciência para tanta ignorância, para tanto preconceito numa situação que já deveria estar resolvida – ainda não entendi a necessidade de Referendo em algo que já foi aprovado pela Assembleia (referência clara Governo do Mono Tomate do Guterres) e não implica mexidas na Constituição; percebo, porque se trata de uma temática sensível…

… quer dizer, a bem dizer, também o era a questão da entrada de Portugal na EU e da adesão ao Euro (até porque implicava mudanças na Constituição e consequências na vida de todos os cidadãos, coisa que a lei da IVG não implica…

… mas eu também não percebo nada de Leis e devo estar a fazer uma confusão danada em termos de importância das Leis e da importância da escuta da População… Enfim…

Mas isto tem-me andado a corroer pois parece-me que, mais uma vez, andamos a discutir ao nível de um Porto-Benfica (“ahaha eu sou melhor que tu”). Não é que não dê importância ao futebol, sabem que dou, mas considero a coisa mais importante das coisas insignificantes e parece-me (parece-me, apenas) que esta temática requer um pouco mais de profundidade, um pouco mais de sensibilidade do que os que andam a mostrar imagens de fetos de 8 meses a morrer à porta de hospitais ingleses versus as que andam de barrigas ao léu, orgulhosamente afirmando que ali quem manda são elas… (para mim, qualquer uma das situações não nos leva a lugar algum).

Ah... e ainda ha a dupla Marcelo Rebelo de Sousa (a unica pessoa que conheco capaz de ser especialista em tudo) vs. Francisco Louca... Assim sim, Assim nao...(by the way, grande, grande trabalho do Ricardo Araujo Pereira).

Pois bem assumo-me claramente, sem qualquer dúvida, ANTI ABORTO, anti interrupção voluntária da gravidez, não considero que seja algo natural, uma mulher, de livre e espontânea vontade interromper a gravidez. Mas por essa mesma razão votaria SIM no dia 11/02.

E não por acreditar que seja um direito da mulher ou que prove que seja mais um sinal de independência ou que estejamos no caminho da igualdade dos sexos ou que seja um acto de feminismo ou liberalismo ou o que quiserem apelidar, mas porque acredito que só descriminalizando (não falo em legalização, banalização) da IVG – e nunca como medida isolada – é que se pode fomentar a maternidade/paternidade responsável.

Facto: existe ABORTO, todos sabemos onde se faz. Porquê continuarmos a ignorar algo, da mesma forma como calamos a pedofilia, ou escamoteamos a pobreza com Rendimentos Mínimos. “Isto anda tudo ligado”, como diz Sérgio Godinho, porque tem origem na mesma base: a Santa hipocrisia que assola o nosso rectangulozinho. Algo que já Eça, em pleno séc. XIX, se queixava: “parecer em prole do Ser”.

E é tão fácil julgar…

(ufa, aqui fica o desabafo, mas porque o que tenho lido a santa Inquisição, ups, Igreja católica (ai,ai que ainda vou parar à fogueira) bem como as anti-homens-decisão-da-mulher-abaixo-os-soutiens têm dito tantos disparates que ainda dou por mim a dar razão ao Cavaco (apelidado carinhosamente por Pinochet Silva): é melhor calar-se quem não mantiver o nível).

Só um pormenor: se a descriminalização da IVG é uma questão de consciência (para mim, de Saúde pública), façam o favor de me explicar como é que se pode levar alguém a julgamento por uma questão de Consciência?... Hummm…