Saturday, September 30, 2006

La Poderosa

Já a tenho... não é propriamente La Poderosa mas também não estou na América do Sul!

Posso considerar-me oficialmente Dutch... (ainda sem documentos e sem casa)

Friday, September 29, 2006

Primeiras duas semanas

1) Trabalho (porreiro) – há festas todas as semanas (mas mesmo todas! e quando não há motivo o chefe inventa-o). Acho que não é preciso referir a respectiva vodka, cerveja,…, e mais que venha. By the way, o senhor é escocês!
2) Perdi todos os meus documentos (no Consulado aconselharam-me a ir a Portugal de carro/autocarro/comboio e rezar para que não me pedissem nada pelo caminho. Por razões óbvias, não comento)
3) Ainda não tenho sítio para morar (e está complicado)
4) Não tenho qualquer tipo de documento que prove quem eu sou
5) Não tenho casa (hey, se conhecerem alguém ou se conhecerem alguém que conhece alguém ou se conhecerem alguém…). O que faz o desespero…

Portanto 2) 3) 4) 5) são as minhas maiores preocupações! E que neste momento ocupam 99% do cérebro... Tanto que (quase) me esqueço que dia 4/11 tenho encontro marcado com o love-of-my-life (há quem, por falta de originalidade o trate por Chico Buarque). Ele ainda desconhece, mas já se sabe como são os artistas: sempre distraídos. Vai na volta ainda sou eu quem o tem de convidar a ir passar uma "Tarde em Itapoã"... Eu sei q não é dele, ok?, mas é de um amigo, também serve!

Humm, what else???

Ah, primeiros choques culturais: o povo holandês é de uma frontalidade brutal! (o que é muito bom... somente não estou habituada)

A Vinda

Motivações? Imensas!

Mas como penso que por algum motivo existem profissões, deixo a explicação para alguém que percebe da coisa (e uma recente descoberta): José Régio,

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!"


E assim começa a aventura...

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