Thursday, May 29, 2008

“Tuguinhá, tenho feijão coarrôis feito, quer vir jantá?”

Desde que aprendeu a expressão “Tuga”, “Tugolândia” não quer outra coisa.

O convite veio às 7 da tarde (que caso fosse holandesa teria como resposta “posso marcar um appointment 4f a uma semana, das 7 as 9, pode ser?) de um “excêntrico” brasileiro, que tem ar-condicionado em casa (e não aquecimento) pois “não suporto temperaturas acima dos 15 graus”. Hoje “ama Bethânia” porque “ela é tudo de bom” com a mesma volatilidade que amanhã a acha “chatinha, num-é-não?”. É um pagode e um prazer trabalhar com ele.

Adora cozinhar (abençoado) e faz um arroz de feijão que é uma maravilha. Ensinou-me a fazer pão de queijo (bom, bom, mas bom), ao qual ganhei o nome de “Maria Aparecida”, no sentido queridinho da palavra “ó Aparecida, cê é já da casa, dá pra mim a saladeira, faz favô?”. Samba e dança o mambo como ninguém e deixa-me voicemails mais ou menos “Pálhaçáda, vê se atende esse telemóvel”. Uma espontaneidade que nunca vi em ninguém!

Ah e se ainda não perceberam joga da equipa contrária! :-( O que, por outro lado, nos possibilita a ter diálogos como estes:

E: “esse grandão tem qualquer coisa! Gente, só de pensar...” (pronúncia brasileira)
A:”olha que eu acho que ele joga na minha equipa” (tuga)
E: “Tuga, você é muito fechada! Eu sou assim, super liberal, super aberto, assim, numa boa, ele gosta de mulher, tudo bem, sem preconceito, por mim aceito, sem exclusidade.”

E: “não! A espanhola veio novamente de bota branca! Ai, vou lá falar com ela! (pronúncia brasileira)
A : “mas estás louco?! Tens lá tu a ver o que é que ela calça” (tuga)
E: "Não, pára! Não viaja! Bota branca, não!” (pronúncia brasileir)
A: risos
E: “fála a sério! Eu não
saio contigo se voce me aparecer de bota branca”

E: queijo bom! É de portugal? Parece brasileiro...
A: é assim! Em alguns aspectos a colonização foi bem feita...

E: e eu que estava começando a gostar de você

E: Oi? Não entendo a tua pronúncia.
A: Qual pronúncia? Tu é que tens pronúncia... Mas estás doido. Português de Portugal ou é Português do Brasil?
E: Ahhh, vê se me erra!

Enfim, os exemplos poderiam continuar mas voltemos ao jantar: esta personagem, de vez em quando faz feijão com arroz para a “Tuguinha”.

Da última vez resolvi aprender: "ah, o segredo está no feijão e você experimenta fazer o refugado com bacon – só um pouquinho, não vai abusar”.

Muito bem, fim-de-semana seguinte lá fui eu com o objectivo de encontrar “feijão preto”. Qual não é o meu espanto que encontro esta marca por lá! Quer dizer então que tenho família envolvida em negócios por essa América Latina fora e não sabia de nada...

Lá segui as instruções do Mestre – 2 dias de molho para depois cozer melhor. Fazer o refugado em lume brando com os ingredientes normais (e poder acrescentar outros a gosto). E depois juntar o feijão, já cozido. E pronto! Nada mais simples.

Quando lhe liguei a contar a novidade, perguntou: “Ficou cozido? Assim, tenrinho?”. “Claro, agora deixava lá o feijão cru? Acho só que ficou um bocado para o picante”. “Mas ficou cozido mesmo? Muito bem, tuguinha estou impressionado?”.

Ainda não sei o que queria dizer com isto, mas parece que é difícil cozer feijão à primeira :)


Ah, e tenho mais algumas expressões para acrescentar:

  • “viajar na maionese”, significa ideias estapafúrdias
  • “barriga de tanquinho”, pessoa com abdominal definido... relacionado com os tanques tradicionais de lavar à mão. Um exemplo... hummm, Cristiano Ronaldo.
  • “falar abobrinha”, dizer disparates
  • “matar cachorro a grito”, desespero.
  • "boca de chupa ovos", pessoa que não tem lábio superior.

1 comments:

Anonymous said...

Com certeza, tuguinha (hahahhaha), não é todo mundo que sabe fazer um bom feijão... parabéns pelo experimento!
beijo,

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